A minha "Velha Infância"

Quem nunca sentiu vontade de voltar a ser criança? Quem nunca sentiu saudade da infância? Creio eu que todos nós! E como diz o Diácono Nelsinho Corrêa “Só se tem saudade do que é bom”. Hoje à tarde encontrei minha prima mulher mais velha, no entanto, ela tem apenas 12 anos, e numa rápida conversa ela chegou a comentar que tinha ido ao colégio onde estuda pra fazer um trabalho em grupo. Caramba, nessa hora me bateu a saudade. Quando era mais novo, estudava na cidade onde moro (C.Mirim), acordava cedinho tomava café e me dirigia a pé para o Colégio de Santa Águeda, um colégio de freiras daqui de Ceará - Mirim talvez o mais bem estruturado até hoje, chegando lá encontrava os coleguinhas e mal podia começar a aula que eu já tava pensando na hora do recreio, pra poder abrir aquela lancheira dos Power Rangers e sem nenhum tipo de vergonha saborear o lanchinho trazido de casa e ainda muitas vezes dividir com alguns colegas ‘pidões’, a infância é realmente uma fase de inocência (não totalmente, mas parcialmente), onde a gente não costuma ter preconceitos, nem vergonha. Fico comparando a infância com a adolescência, por exemplo, quando adolescente dos seus 16 anos você teria ‘coragem’ de levar lanche pra escola dentro de lancheira? Mas porque isso? Qual o mal que um depósito de comida pode fazer a sua imagem? Mal nenhum, na verdade o mal a nossa imagem é causado pelos novos coleguinhas, que antes vinham até mim para dividir o lanche e na adolescência malham de mim por despeito na maioria das vezes, por eu ter tido a coragem de levar lanche de casa e eles não serem maduros suficientes pra assumir a vontade de fazer isso também, então arrumam um jeito pra que eu não fique ‘por cima’, não me destaque, nem seja melhor do que eles, e qual o jeito de fazer isso? Menosprezando a imagem daquele que um dia já foi seu coleguinha e que dividia o lanche com você! Isso é só o começo dos problemas que o amadurecimento pode trazer, a infância vai ficando pra trás e o presente vai se complicando. Vou dizer mais um fato interessante que costumava vivenciar: A professora, que costumava chamar carinhosamente de ‘Tia Fulana’ gostava muito de passar trabalhos em grupo, com a intenção de unir os coleguinhas e fazer do aprendizado algo divertido, pois bem, quando tinha uns 11 anos ainda estudava aqui na cidade e tinha um grupo de estudo, quando tínhamos algum trabalho marcávamos na casa de algum de nós e no dia todos estavam lá e a gente se divertia, sorria muito, quase nunca havia discordância, enfim, era um grupo de verdade, mas adiantando essa história chegamos à fase adulta que estou atualmente (talvez eu seja adulto, kkkkkkkk), sou estudante de direito e também fazemos trabalhos em grupo muitas vezes, e sabe qual é a diferença de quando eu tinha 11 anos? Todos que estão ali visam o benefício próprio na maioria das vezes, raramente achamos pessoas que se preocupem conosco também. Meus queridos, meus queridos... Apesar da saudade que eu sinto dos trabalhos em grupos pacíficos, do lanche levado de casa, do recreio que parecia pequeno para tantas brincadeiras, das cartinhas anônimas que eu recebia das meninas, das competições pra ver quem tinha mais figurinha, dos bonecos que eu fazia falar, das quedas dolorosas, das brincadeiras inocentemente maliciosas, das tapinhas da vovó que doíam bem menos do que muita grosseria que escutamos hoje, da tarde jogando vídeo game, da noite lendo revista em quadrinho, do final de semana com os amiguinhos da rua, dos medos bobos de coisas inexistentes, do colo que nos acolhia e deixava de ser colo passando a ser muralha... Tudo é apenas saudade, é só o que podemos sentir, pois o tempo anda e às vezes voa, e a gente tem que acompanhar, tem muita coisa boa que faço e que conheci graças ao amadurecimento, e apesar da saudade não quero voltar no tempo (Acabei com uma rima pra ficar meio poético)!